1 de fevereiro de 2003

Mais uma sobre o ócio

Desculpe-me, mas é um tema tão cativante, que não resisti. E mais: o assunto me persegue. Não acredita? Hoje comprei um livro do Albert Camus, A peste. Sempre que vou a alguma livraria, pego um marcador de livros (são sempre úteis). Hoje peguei um, alhures. Ao chegar em casa, reparei no objeto, estava impresso uma divulgação de um livro. De quem? Domenico de Masi, é claro! Nome do livro? O Ócio Criativo.

Mas a coincidência mesmo se revelaria com o próprio Camus. Veja se as palavras de um de seus personagem não confirmam a apologia ao ócio:

Pergunta: como fazer para não se perder tempo? Resposta: senti-lo em toda a sua extensão. Meios: passar os dias na sala de espera de um dentista, numa cadeira desconfortável; viver as tardes de domingo na varanda; ouvir conferências numa língua que não se compreende; escolher os itinerários de trem mais longos e menos cômodos e viajar de pé, naturalmente; fazer fila nas bilheterias dos espetáculos e não ocupar o seu lugar etc.

E eu achava que a FDF (Falta Do que Fazer) era um problema involuntário. Mas não, há pessoas que adoram cultivá-la! Então está bem, o importante é viver feliz...

31 de janeiro de 2003

Serviço de utilidade pública

O Sinistério da Maúde adverte: música ruim é veneno. Por isso, para o seu próprio bem e para garantir uma boa disposição mental, você deve ir ao show de lançamento do novo cd da banda Drosóphila:



Chivas Festival 2002



O programa Jazz & cia, que vai ao ar aos sábados às 23 hs na TV Cultura, neste mês de fevereiro estará apresentando concertos do Chivas Festival 2002.

O primeiro programa sobre o Festival, neste sábado dia 1, terá o pianista Fred Hersh, tocando as músicas: Work (Thelonious Monk); So In Love (Cole Porter); Aria (Fred Hersch); e Whisper Not (Benny Golson).
Mas que semana...

Alguém pode me explicar que semana é essa? Nunca, mas nunca mesmo, acho que nem quando estive alguma vez hospitalizada, uma semana demorou tanto para passar. A sensação é que a última segunda-feira aconteceu há umas duas semanas atrás.

Sabe-se que o tempo não passa da mesma forma em todos os lugares do mundo nem para todas as pessoas. Então fico pensando o que fizeram com o espaço-tempo que sempre estava por aqui. Acho que trocaram com algum outro lugar do globo. E o que parece deve ter sido trocado com o triângulo das Bermudas. Mas os relógios daqui de casa ainda funcionam normalmente...

Férias é o caos.

29 de janeiro de 2003

A força do acaso no combate ao tédio

Depois de mais de 40 dias de férias, especificamente falando de um dia no final do mês (quando seu costumeiro mísero saldo atinge as raias do infinito negativo), depois de 7 dias consecutivos de chuva, é natural que alguém atinja o mais pleno estado do ócio depressivo.

Enquanto folheia-se revistas velhas, zapeia-se com um máximo desinteresse os canais de tv, tudo isso com um solene ar de resignação, em algum lugar da nossa nebulosa psique um tímido pulsar de expectativa teima que ainda assim é possível que algo incrível e inédito surpreenda-nos e arranque-nos do charco da morosidade.

Tal esperança sempre presente foi o que me motivou a pensar em:
COISAS QUE GOSTARÍAMOS DE VER NUMA TARDE OCIOSA DE CHUVA:

- uma van perdida com alguma de nossas bandas prediletas parar em frente a nossa casa e tocar a campainha pedindo orientações e uns copos d'água;
- achar um livro genial pertencente a algum antepassado familiar escondido numa prateleira obscura da casa;
- achar um pacote de bis na despensa (não é assim tão surpreendente, mas melhor que nada);
- receber uma encomenda do sedex, um cd ou qualquer outra coisa bacana que um amigo seu resolveu mandar fora de data especial;
- ou uma carta, de alguém que você nem desconfiava que sequer tinha seu endereço;
- um envelope anônimo com uma folha escrita: QUEM É VOCÊ?;
- assistir no Plantão da Globo que o Bush teve uma séria disenteria por causa de um quibe estragado e morreu (num "trono", que é o que ele, de certa forma, sempre almejou);
- ao zapear todas as estações de rádio FM descobrir que o gosto pelo pagode, funk, sertanejo e pop-chiclete caiu por terra;
- receber uma ligação do seu jornalista ou escritor vivo (óbvio) predileto elogiando seu blog genial (isso é LENDA).

Outras sugestões de coisas que vocês também gostariam de ver são bem-vindas.

28 de janeiro de 2003

Fazer coisas semelhantes a estas e ainda ser pago por isso

Penso que a vida de escritor deve ser uma vida boa. Não que o sujeito seja apenas um bon vivant que escreva quando a luz divina da inspiração baixa sobre ele e, nos entremeios dos lampejos de criatividade, passe as horas tomando água de côco. Eu sei que não é isso, escrever é laborioso. Até de uma certa angústia. É um trabalho contínuo, sem feriados nem finais de semana. Trabalha-se até mesmo estando longe de qualquer lepitope ou bloco de anotações.

Mas penso no João Ubaldo. Ultimamente tem estado na ilha de Itaparica de onde tem mandado suas crônicas que especulam desde economia a conversas de botequim. O Lúcio Ribeiro. O trabalho dele é ouvir música e determinar se elas são um lixo ou não. Ai de vós, reles leigos, se discordardes dele! O Daniel Piza. Só não ganha em número de livros lidos anualmente do falecido Paulo Francis. Mas no caderno de Cultura o cara dá suas valiosas opiniões sobre tudo e mais um pouco, mas ainda assim, numa coluna que se constitui um blog impresso em offset das opiniões dele.

Resumindo: muitas pessoas são pagas para emitirem suas opiniões. Mas há um grande abismo numérico entre os que sustentam o que falam e os que falam por falar. Por isso que o número de blogs é incomensuravelmente maior do que o número de colunistas contratados. O que não significa literalmente que todo "blogueiro" é besta e todo colunista é genial. Vocês entenderam. Espero.
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PS nada a ver: o sistema de comentários que uso anda meio problemático. Acontece das pessoas deixarem comentários mas não mostrar o número na frase "tantas pessoas acharam que..." Vamos ver se essa semana volta a entrar nos eixos, se não vou trocar de sistema.
"As meninas" não são um grupo de axé



Para as felizardas pessoas que tem tv por assinatura, e pros mais felizardos ainda que tem o canal Eurochannel: nesta terça-feira, às 17 hs, o canal exibirá um documentário sobre a vida e obra do pintor Diego Velázquez.

Perguntado sobre o que salvaria de um determinado museu se este estivesse ardendo em chamas, Salvador Dalí disse: "Salvaria o ar. O ar que existe no quadro As Meninas de Velázquez, por ser o melhor ar que alguém já retratou".

26 de janeiro de 2003

Pra quem não gosta de chá



Veja onde chegamos. Na falta de assunto nesta cinzenta tarde dominical, prestigiarei os leitores com uma receita caseira de mistura para cappuccino. Pelo menos ninguém vai poder dizer que os assuntos por aqui não são variados.

Anota aí: MISTURA PARA CAPPUCCINO
- 1 lata de leite em pó
- 1 vidro médio de Nescafé
- 2 xícaras de açúcar (ou 1 xícara de adoçante em pó)
- 3 colheres (sopa) de chocolate em pó
- 1 colher (chá) de canela em pó
- 1 colher (chá) de bicarbonato de sódio

Misture tudinho, passe numa peneirinha pra deixar a mistureba bem homogênea. Aí guarde num pote bem fechado. Quando for tomar seu café, use 3 colheres (sobremesa) da mistura para uma xícara de água quente.